ECONÔMICO E FINANCEIRO

Cenário macroeconômico

Mundo

Em 2021, ainda vivenciamos dificuldades advindas da pandemia de covid-19 em relação à vacinação e ao surgimento de novas variantes. Houve também outros desdobramentos complexos como o aumento persistente da inflação e a necessidade de reorganização das cadeias produtivas que impactaram diretamente o nível de atividade.

A elevação da inflação global atingiu as mais diversas economias. Foi o caso, por exemplo, da Alemanha, país historicamente estável, que apresentou o maior nível de inflação (5,3%) dos últimos trinta anos. Nos Estados Unidos, a recuperação econômica, com bom desempenho de consumo e trabalho, enfrentou gargalos de oferta que levaram o IPC, índice que mede a inflação no país, a subir 7% em doze meses, maior alta em quase quarenta anos. Com o objetivo de controlar a pressão inflacionária, o presidente do banco central norte-americano anunciou que o Federal Open Market Committee (FOMC) deveria aumentar o ritmo de redução mensal de compra de ativos, processo conhecido como “tapering” e que significa uma retirada gradual mais acelerada de estímulos monetários.

Quanto ao nível de atividade, a recuperação mundial avançou de forma desequilibrada. Algumas economias começaram a se restabelecer mais rapidamente, enquanto países com menor renda e menor nível de vacinação ficaram para trás. Relatório publicado pela OCDE considera que as economias mais avançadas devem retomar seus números pré-pandemia por volta de 2023, mas com maiores níveis de dívida e inflação. Já para economias menos desenvolvidas, especialmente nos países de baixa renda, a recuperação levará muito tempo.

Dessa forma, a inflação mais persistente passou a ser a grande preocupação dos bancos centrais e tema principal das atuações de política monetária no mundo, enquanto índices ainda frágeis de atividade e crescimento desencadeiam um forte dilema global. Por um lado, a inflação pressiona os agentes a tomar atitudes de retirada de estímulos; por outro, dados de atividades, principalmente de economias menos desenvolvidas, pressionam pela manutenção desses estímulos.

 

Brasil

Alguns fatores permearam o cenário brasileiro em 2021 de modo mais intenso do que previsto: inflação, crise hídrica, aumento de juros, desvalorização do real, novas variantes da covid-19 e risco fiscal. A economia apresentou um avanço de 1,2% no primeiro trimestre, quando comparada ao trimestre anterior, porém teve queda de 0,4% no segundo trimestre e de 0,1% no terceiro, o que reforça a percepção de evolução moderadamente abaixo da perspectiva. Ainda assim, o ano deve fechar com um crescimento de aproximadamente 4,5% (Boletim Focus/Banco Central), após queda de 3,9% em 2020.

No início de 2021, a expectativa de inflação era de cerca de 3,34%, com projeção de taxa Selic de 3,25%. O ano, porém, terminou com inflação de 10,06%, a maior registrada desde 2015, e taxa Selic de 9,25%. Historicamente, foi o segundo maior erro de previsão dos analistas, desde 2002.

Considerando os fatores de maior persistência inflacionária e questionamentos em relação ao arcabouço fiscal que elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) subiu a taxa de juros por sete vezes consecutivas, em 2021, partindo de 2% em março para 9,25%, em dezembro.

Esse ambiente trouxe muita volatilidade aos mercados e impactou fortemente o resultado dos ativos. As curvas de juros foram pressionadas em todos os vértices, o que fez com que o IMA-B (índice que mostra a variação dos títulos públicos atrelados à inflação) tivesse queda de 1,26% no ano. Na renda variável, o cenário otimista do começo de 2021 não se concretizou. O Ibovespa fechou com desvalorização de 11,93%, abalado pelas surpresas inflacionárias e refletindo também o aumento das incertezas fiscais e políticas.

 

 O setor previdenciário

Segundo dados divulgados, em outubro de 2021, no Relatório Gerencial de Previdência Complementar, publicação bimestral da Subsecretaria do Regime de Previdência Complementar (SURPC), um total de 275 entidades fechadas operam no país, oferecendo 1.107 planos – dos quais 297 são da modalidade Benefício Definido, 468 de Contribuição Definida e 342 de Contribuição Variável. O setor conta com 3,719 milhões de participantes, sendo 2,849 milhões de ativos, 681 mil aposentados e 188 mil pensionistas.

Ao longo do ano, os efeitos da covid-19, da inflação e das oscilações nos mercados ainda mais agudas do que em 2020, tanto no Brasil quanto no exterior, se fizeram sentir nos resultados das entidades. Conforme divulgado no último Consolidado Estatístico da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), em outubro, os ativos do setor somavam R$ 1,09 trilhão. Vale destacar que, mesmo em pleno período de pandemia dos últimos dois anos, a Associação informa que o sistema continuou pagando em dia cerca de R$ 70 bilhões em benefícios anuais a seus assistidos.

Até outubro, a carteira consolidada das entidades havia acumulado retorno de 3,50% no ano. O resultado da renda fixa, que representa 75,40% dos ativos, foi de -0,13% no mês e a renda variável, com alocação de 16,0% dos recursos da carteira consolidada, também apresentou resultado mensal negativo. O segmento de investimentos no exterior foi o que teve melhor desempenho, registrando 7,39% em outubro e 33,72% no acumulado do ano.

Para os especialistas, um dos principais desafios do sistema é lidar com as fortes instabilidades de cenário, mantendo um olhar nas questões conjunturais econômico-financeiras e outro no longo prazo, como é característica da previdência complementar. Um aspecto essencial para o crescimento do setor é desenvolver planos mais simples e flexíveis e convencer as gerações mais jovens sobre a importância de pensar no futuro – daí o valor de planos como o Mais Visão, lançado pela Visão Prev com o objetivo de incluir os familiares de seus participantes nesse movimento.


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